Dizem os dicionários que fábula é uma curta narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que ilustra um preceito moral.
O gênero fábula surgiu no Oriente e foi levado para o Ocidente através de Esopo, quatrocentos anos antes de Cristo.
De modo sucinto, uma fábula é uma breve história, que pretende transmitir um ensinamento, uma moralidade.
No Brasil, um bom exemplo de fabulista foi Monteiro Lobato, também considerado como o pai da nossa literatura infantil, do Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Cuca, Saci Pererê, Emília e Tia Nastácia, por exemplo.
Dentre as tantas fábulas de Monteiro Lobato – um dos primeiros brasileiros a investir na extração de petróleo, que o levou à prisão –, compartilho uma, que ele titulou como “A coruja e a águia”, assim:
“Coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes. - Basta de guerra - disse a coruja. - O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra. - Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa. - Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes. - Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes? - Coisa fácil. Sempre que encontrarem uns borrachos lindos, bem-feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhotes de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus. - Está feito! - concluiu a águia. Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três mostrengos dentro, que piavam de bico muito aberto. - Horríveis bichos! - disse ela. - Vê-se logo que não são os filhos da coruja. E comeu-os. Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca, a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves. - Quê? - disse esta, admirada. - Eram teus aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...”.
Moral da história: para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai pois, quem o feio ama, bonito lhe parece.
A coruja e a águia nos ensinam a desconfiar do ponto de vista de quem nos conta uma história, pondo em perspectiva o que é dito.
Fábula fabulosa.
Até a próxima, confiantes em nosso ponto de vista.
Hélio Gomes Coelho Junior
Advogado, sócio da Gomes Coelho & Bordin – Sociedade de Advogados, negociador sindical patronal e professor de Direito do Trabalho, consultor do SINDESP-PR.
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